terça-feira, 30 de março de 2010

Das ervas amargas ao ôvo de chocolate: um olhar nutrológico sobre a páscoa


A palavra páscoa ou “pessach” em hebraico significa “passagem”. Essa festividade celebra e recorda a libertação do povo de Israel do Egito, como narrado no livro do Êxodo na Bíblia. É uma festa muito importante para a comunidade judaica e cristã.

A primeira celebração do Pessach, segundo a tradição, ocorreu há 3500 anos, quando, de acordo com a Torá (Bíblia Judaica), Deus enviou as dez pragas sobre o povo do Egito. Antes que a décima praga acontecesse, o profeta Moisés, escolhido de Deus, foi instruído a pedir que cada família hebréia sacrificasse um cordeiro e usasse o sangue desse animal imolado nos umbrais de suas portas. Era o sinal para que não sofressem a perda dos seus primogênitos.

Chegada à noite, os hebreus fizeram uma ceia, com a carne do cordeiro sacrificado, além de pão ázimo – que é o pão sem fermento – e ervas amargas, cujo sentido apontava para o sofrimento do povo no Egito.

Olhando para esta ceia original da páscoa, percebemos como a humanidade mudou seus hábitos alimentares nos últimos séculos. O cordeiro deu lugar ao ôvo de “coelho”, e as ervas amargas deram lugar ao açúcar. E é sobre a introdução deste novo elemento em nossa alimentação que passo a refletir: o açúcar.

A substância branca e cristalina que costumamos chamar de açúcar ou sacarose, é uma substância artificial produzida por processos industriais a partir da cana ou beterraba, depois de depuradas de todas suas vitaminas, minerais, proteínas, enzimas e outros nutrientes benéficos à saúde. Está em quase tudo que você imaginar.Um americano médio consome cerca de 70 kg de açúcar por ano(35 colheres de sopa por dia). Isto é mais de 10 vezes o recomendado.

Podemos estabelecer uma relação diretamente inversa entre o consumo de açúcar e o nível de saúde de uma comunidade. Obesidade, Hipertensão arterial, Diabetes Mellitus, imunodepressão, distúrbios do humor, câncer, cáries dentárias; em todas estas doenças o consumo excessivo de açúcar tem importante participação.

Açúcar também é extremamente aditivo (“viciante”)

O açúcar refinado pode se tornar mais aditivo que a própria cocaína.De fato, em um estudo com ratos que podiam escolher entre açúcar, água ou cocaína, a maioria(94%) escolhia o açúcar. Mesmo ratos viciados em cocaína, quando expostos ao açúcar, rapidamente pendiam para este último.

O estímulo desencadeado pelo açúcar nas papilas gustativas da língua provoca uma verdadeira “explosão” a nível de neurotransmissores cerebrais, de forma que quanto mais se consome, mais se deseja.

Nos próximos posts estaremos desenvolvendo mais este assunto.


terça-feira, 23 de março de 2010

Consumo regular de castanhas pode prevenir doenças cardiovasculares


Muitos ainda ficam receosos em relação às castanhas pelo seu alto conteúdo calórico e de gordura. No entanto, estudos epidemiológicos e prospectivos apontam que o consumo regular de castanhas reduz o risco de doenças cardiovasculares. Um destes estudos, o “Estudo da Saúde dos Médicos”, observou 22.000 médicos do sexo masculino que voluntariamente se ofereceram para fazer parte do estudo. No início do estudo(1982) eles relataram com que freqüência comiam diferentes tipos de alimentos, inclusive castanhas. Nos 17 anos que se seguiram, 201 médicos tiveram morte súbita por parada cardíaca. A análise estatística demonstrou que a probabilidade de ocorrer morte súbita foi 2 vezes maior em médicos que raramente comiam castanhas que naqueles que comiam pelo menos 2 vezes por semana.

Como as castanhas podem ajudar a prevenir morte súbita cardíaca? O consumo de nozes, castanha do Pará, amêndoas, pistaches, pecans e macadâmias apresenta efeito cardioprotetor, subsequente a melhora do perfil lipídico, reduzindo os valores de colesterol total e LDL - colesterol. Castanhas também são boas fontes de ômega 3, o mesmo tipo de gordura presente em alguns peixes(salmão, sardinha, arenque, ec.). Níveis otimizados de ômega 3 no organismo estão associados a menor incidência de arritmias cardíacas.

Outro fator importante é que as castanhas são boas fontes do aminoácido ARGININA, que é o precursor de uma importante molécula chamada óxido nítrico. O óxido nítrico atua mantendo um estado de relaxamento nos vasos, facilitando o fluxo sanguineo.

Castanhas também contém bons níveis de antioxidantes como vitamina E, potássio, magnésio selênio e fibras. Todos estes nutrientes podem ajudar bastante a saúde do coração se consumidos adequadamente. Como acontece com todos os alimentos, a recomendação é que não sejam ingeridas em excesso. O segredo está na quantidade. Comer até 3 a 4 unidades por dia é suficiente para usufruir todos os benefícios sem prejudicar sua dieta. Talvez uma exceção a esta recomendação seja a castanha do Pará. Por seu altíssimo conteúdo de selênio, provavelmente com 2 unidades pode-se alcançar o limite diário de ingestão estabelecido para este mineral.

Fonte: Nut Consumption and Decreased Risk of Sudden Cardiac Death in the Physicians' Health Study . Christine M. Albert; J. Michael Gaziano; Walter C. Willett; JoAnn E. Manson. Arch Intern Med. 2002;162:1382-1387.


domingo, 21 de março de 2010

Permanecer muito tempo sentado aumenta o risco de várias doenças



Que atividade física é importante para saúde todo mundo sabe. Quando pensamos em atividade física, o que geralmente nos vem à mente são coisas como caminhada, corrida, esteira, bicicleta, aparelhos de ginástica, etc. Quem imaginaria que o simples e corriqueiro ato de permanecer de pé pode ter impacto significativo na prevenção da obesidade e doenças a ela relacionadas? No entanto é isto que está mostrando a nova pesquisa publicada na revista “Diabetes” edição de Novembro/2007.

Pesquisadores da Universidade do Missouri estudaram o impacto da inatividade física entre cobaias, porcos e humanos. Eles encontraram evidências que o tempo que se permanece sentado está associado a efeitos negativos no metabolismo da gordura e colesterol. Também descobriram que permanecer sentado estimula processos promotores de doença, e que o exercício físico, mesmo durante uma hora por dia, não foi suficiente para reverter este efeito.
Dr. Hamilton, que encabeça a equipe de cientistas da Universidade do Missouri, afirma: “Tudo que temos ouvido sobre controle do peso e prevenção da obesidade tem deixado de fora um fator que pode ser chave nesta equação. Nós descobrimos que quando um indíviduo permanece sentado , a lípase, uma enzima fundamental para a gordura ser utilizada pelo músculo, praticamente para de funcionar. Desse modo, a gordura fica então circulando e contribuindo para obstruir vasos ou então vai ser depositada em algum tecido, contribuindo assim para o aparecimento de doenças.E não é uma quantidade desprezível de gordura. Nós colhemos amostras de plasma de um mesmo indivíduo após ter ingerido uma mesma porção de alimento. Na amostra tirada quando comia o alimento sentado, o plasma tinha o aspecto completamente “esbranquiçado” pela presença da gordura. Contudo, quando comia de pé, o plasma apresentava-se límpido.(ver foto acima)

“Se você puder realizar qualquer tarefa de pé, em vez de sentado, eu indicaria fazê-la de pé, afirma Hamilton. Você também pode limitar o tempo de cadeira fazendo pausas periódicas para ficar de pé e circular. Fazendo isso, as enzimas voltarão à atividade”.
Ficar de pé também ajuda a diminuir a “barriga”. Uma pessoa tamanho médio pode gastar até 60 calorias extras por hora, apenas mantendo-se de pé. Dado o trabalho dos músculos dos membros inferiores necessários para manter o corpo erguido, ficar de pé pode dobrar a taxa metabólica, o que contribui ativamente para perda de peso. Um outro beneficio em ficar de pé: melhora os níveis do colesterol bom (HDL colesterol). Sentados, os indivíduos apresentaram redução de 22% neste tipo de colesterol.

As implicações deste estudo são óbvias. Enquanto bastante tem sido afirmado acerca dos benéficios da atividade física ,pouca atenção tem sido dada ao que está acontecendo quando as pessoas não estão se exercitando ativamente. Isto provavelmente ajuda a explicar por que a obesidade tem crescido entre nós. As pessoas permanecem sentadas muito mais tempo que há 50 anos. Isto para não mencionar que elas também estão comendo demais.

FONTE: Marc T. Hamilton, Deborah G. Hamilton,and Theodore W. Zderic: Role of Low Energy Expenditure and Sitting in Obesity,Metabolic Syndrome, Type 2 Diabetes, and Cardiovascular Disease. Diabetes, November 2007vol. 56 no. 11 2655-2667

quarta-feira, 17 de março de 2010

Nível de vitamina D abaixo do considerado ideal em milhões de crianças norte americanas


Milhões de crianças nos Estados Unidos entre as idades de 1 e 11 anos podem apresentar níveis de vitamina D no organismo abaixo daqueles considerados ótimos. Esta é a constatação de um amplo estudo publicado na edição de Novembro da revista PEDIATRICS.

O estudo, conduzido por Jonathan Mansbach do Hospital da criança de Boston, é a análise mais atualizada e abrangente dos níveis de vitamina D em crianças americanas. Fundamenta-se na crescente evidência de que os níveis de vitamina D vem caindo abaixo dos níveis considerados saudáveis , e que crianças afro descendentes e hispânicas apresentam riscos particularmente mais elevados que as outras.

Tanto a questão de quais seriam os níveis ótimos de vitamina D, quanto que quantidade suplementar têm aquecido o debate na comunidade médica. Atualmente, a Academia Americana de Pediatria recomenda que as crianças devem apresentar níveis de vitamina D de pelo menos 20ng/ml. Contudo, outros estudos em adultos sugerem valores de 30ng/ml, e possivelmente 40 ng/ml para baixar o risco de doença cardíaca e alguns tipos de câncer.

Mansbach e colaboradores da Universidade do Colorado e Hospital Geral de Massachusetts usaram dados do “National Health and Nutrition Examination Survey”(NHANES) para investigar os níveis de vitamina D em uma amostra nacionalmente representativa de 5000 crianças, entre 2001 e 2006. Extrapolando os dados para toda a população americana, suas análises sugerem que mais de dois terços de todas as crianças tiveram níveis abaixo de 30ng/ml, incluindo 80% das hispânicas e 92% das afro descendentes.
“Se o nível de 30ng/ml for eventualmente demonstrado ser o mais sadio, então há muito mais deficiência de vitamina D na população americana do que as pessoas imaginam”, afirma Mansbach.

Mansbach e colaboradores sugerem que todas as crianças tomem suplementos de vitamina D, uma vez que os níveis por eles encontrados foram considerados baixos e pelo potencial beneficio de elevar os níveis teciduais desta vitamina para níveis considerados ótimos.
A vitamina D melhora a saúde dos ossos e previne o raquitismo em crianças, e recentes estudos sugerem que também pode ajudar a prevenir um número de doenças comuns da infância, incluindo infecções respiratórias, bronquites, etc. Embora a exposição ao sol produza doses saudáveis de vitamina D, também pode favorecer o câncer de pele. Os dermatologistas recomendam usar protetor solar, que também bloqueia a capacidade da pele de produzir vitamina D. Além disso, crianças com a pele mais escura necessitam de muito mais exposição ao sol para obter níveis adequados de vitamina D. A vitamina D pode também ser obtida a partir de certos alimentos, como fígado, peixes gordurosos (salmão, bagre, sardinha, atum, cavalinha), cogumelos e ovos, contudo, quase todas as crianças nos EUA não consomem estes alimentos em quantidades suficientes.

“Necessitamos realizar estudos controlados para compreender se a suplementação com vitamina D na verdade melhorará a saúde daqueles que apresetam níveis considerados baixos. No presente momento, temos muitos estudos demonstrando associação entre baixos níveis de vitamina d e um estado precário de saúde.”

Niveis de vitamina D3 acima de 30ng/ml são considerados ótimos. As conseqüências de níveis baixos de vitamina D incluem aumento de risco para desenvolver doenças crônicas como Raquitismo, Osteoporose, Diabetes mellitus, Hipertensão arterial e vários tipos de câncer.

Fonte: Serum 25-Hydroxyvitamin D Levels Among US Children Aged 1 to 11 Years: Do Children Need More Vitamin D? PEDIATRICS Vol. 124 No. 5 November 2009, pp. 1404-1410

domingo, 14 de março de 2010

Sobre a síntese da vitamina D


Quando somos expostos ao sol, para ser mais exato, quando a fração ultravioleta da luz solar(UVB) incide na pele, esta começa a formar enormes quantidades de colecalciferol(Vitamina D3) a partir de uma forma de colesterol presente na pele. Estudos apontam que se você sai em traje de banho em um dia ensolarado de verão e permanece exposto ao sol em torno de 30 minutos, sua pele vai produzir entre 10.000 a 50.000 unidades de colecalciferol(D3). A pele também realiza outra coisa surpreendente. Ela previne a toxicidade pelo excesso de vitamina D. Uma vez alcançado certo nível de produção de colecalciferol, a mesma luz ultravioleta que cria o colecalciferol começa a degradá-lo. Desta forma se alcança um estado de equilíbrio evitando o excesso de colecalciferol. É por isso que não se tem relato de fenômenos tóxicos decorrentes do excesso de vitamina D por exposição ao sol, o que não acontece quando se trata de vitamina D em forma de suplementos.

Uma vez formada na pele, o colecalciferol (vitamina D3) entra na circulação e é transportado para o fígado, onde é convertido em 25- Hidroxi vitamina D3(ou calcidiol) pela enzima hepática 25, hidroxilase. O calcidiol é a forma como a vitamina D é estocada no organismo. É esta forma que dosamos para saber se nossos níveis de vitamina D estão adequados.

Posteriormente, o calcidiol é levado ao rim onde é convertido pela enzima 1 alfa hidroxilase na forma ativa da vitamina D3, ou seja, o 1,25(OH)2 colecalciferol ou calcitriol.

O uso de protetores solares diminui a sua produção cutânea da vitamina D. Em alguns países muçulmanos, o uso de roupas que cobrem o corpo inteiro, até mesmo a face, também contribui significativamente para a deficiência desta vitamina.

Sem sol não há vitamina D

Nossos ancestrais viveram nús e expostos ao sol por milhões de anos. Então, cerca de 50.000 anos atrás muitos de nós foram migrando para áreas mais distantes do equador, com menos sol. Daí cobrimos o nosso corpo com vestimentas, começamos a viver e trabalhar em cidades onde nossas construções bloqueavam o sol. Depois passamos a nos deslocar em veículos, em vez de caminhar; cercamos a nossas casas de vidros(que bloqueiam a radiação ultravioleta B) e bem recentemente começamos a ativamente evitar o sol e cobrir nosso corpo com produtos bloqueadores solares. Todo este tempo nós humanos temos contribuído para reduzir os níveis teciduais do provavelmente mais potente hormônio esteróide promotor de saúde em nosso organismo: a vitamina D.

Na realidade esta significativa redução de nossa exposição ao sol tem ocorrido desde a revolução industrial, justamente o período em que começam a aparecer e aumentar progressivamente as chamadas “doenças da civilização” como doença cardiovascular, Diabetes, Câncer, etc. Realmente faz você pensar...

sábado, 13 de março de 2010

Vitamina D é a bola da vez

A vitamina D tem sido tema freqüente na literatura cientifica nos últimos anos. E este vai ser nosso assunto nesta e muitas outras postagens a seguir.


Desde seu descobrimento em 1919 pelo professor inglês Sir Edward Mellanby,a vitamina D vem ganhando personalidade. O termo “vitamina” lhe cai bem por se tratar de um nutriente essencial para saúde humana e poder ser obtida do alimento(peixe, ovos, manteiga,fígado, etc). No entanto,em vista de suas múltiplas funções em alvos tão distintos, uma vez que seus receptores estão espalhados pela maioria das células do corpo,podemos afirmar que na realidade funciona mais como um hormônio no organismo.


Um dos papéis mais essenciais que a vitamina D desempenha, é no metabolismo do cálcio e do fósforo, participando ativamente no processo de absorção destes minerais no intestino e no crescimento e saúde dos ossos.

De fato, com o avanço do conhecimento científico a nível molecular sobre as ações biológicas da vitamina D, acredita-se que ela regule direta ou indiretamente mais de 200 genes responsáveis por uma grande variedade de processos orgânicos. Com isso, existem perspectivas promissoras da sua utilização na prevenção e tratamento de muitas doenças, incluindo: diabetes mellitus, hipertensão arterial, doenças cardíacas, distúrbios do colesterol (HDL-c baixo), vários tipos de câncer (como de mama, próstata, colo-retal e ovários), psoríase, epilepsia, esclerose múltipla, artrite reumatóide, infecções do trato urinário, tuberculose, entre outras.


Um marcante número de publicações que identificam uma inadequação na concentração sérica de vitamina D em grande parcela da população mundial tem despertado o interesse de pesquisadores, que frequentemente identificam a relação dessa vitamina não somente com a osteoporose, mas também com o desenvolvimento de doenças endocrinometabólicas .

O que você come depende de com QUEM você come


Se você for uma mulher que vai jantar com um homem você tem mais chances de escolher alimentos com menos calorias que se você jantar com uma mulher Este é um dos achados de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade McMaster.

Este resultado apareceu na versão on line do periódico internacional “APPETITE”. Meredith Young, do departamento de Psicologia, Neurociência e Comportamento, constatou que o que uma mulher escolhe comer em uma determinada refeição é influenciado por quem a acompanha nesta refeição e pelo gênero deste(s) acompanhantes(s). Observando estudantes em seu ambiente habitual, em 3 grandes “cafeterias” com uma ampla possibilidade de opções de escolha de alimentos e acompanhantes, Meredith Young constatou que mulheres que comiam com acompanhante do sexo masculino escolhiam alimentos com valor calórico significativamente menor que mulheres que comiam acompanhadas por outra mulher. Interessantemente, quando as mulheres comiam em grupos de acompanhantes de ambos os sexos, as suas escolhas de alimentos apresentavam os menores valores calóricos; isto é, quanto mais homens no grupo, menos calorias no prato. E quando as mulheres comiam em grupos exclusivos de mulheres, suas opções de refeição foram significativamente mais calóricas.

A pesquisadora Meredith Young afirma não se surpreender com estes resultados. “Comer é uma atividade social. A indústria da dieta e a midia da beleza retratam um padrão de mulher magra, afirma ela, em vez do padrão médio observado na sociedade. Deste modo, as escolhas de alimentos parecem ser influenciadas por como os demais percebem você. Em outras palavras, porções menores e mais saudáveis são vistas como mais “femininas”, então as mulheres podem acreditar que se comerem menos, serão consideradas mais “atrativas” pelos homens. É possível que pequenas porções de alimentos sinalize “beleza/atração”, e as mulheres, consciente ou inconscientemente se ajustam às pequenas porções a fim de parecerem mais atraentes.

Em relação aos homens, o estudo mostrou suas escolhas de alimentos não foram influenciadas substancialmente pelo sexo, nem pelo número de acompanhantes.

terça-feira, 9 de março de 2010

Rotinas domésticas saudáveis podem reduzir o risco de obesidade em crianças

Estudos anteriores sugeriram que excesso de tempo à frente da televisão, falta de sono e baixa freqüência de refeições conjuntas em família poderiam contribuir para obesidade infantil.

Sarah E. Anderson, da Universidade do estado de Ohio(USA) e equipe avaliaram o impacto da combinação de 3 comportamentos(jantar em família, ter um período adequado de sono e limitar as horas semanais de televisão) na prevalência de obesidade em uma amostra de pré-escolares de aproximadamente 8550 crianças. Os pesquisadores encontraram que cada uma destas 3 rotinas por si só esteve assiciada a menor incidência de obesidade nas crianças e a associação de rotinas esteve relacionada a menor incidência de obesidade entre as crianças.

O estudo conclui que as crianças pré escolares expostas às 3 rotinas de regularmente jantar em família, obter adequado período de sono e ter o tempo gasto assistindo TV limitado, tiveram prevalência de obesidade 40% menor que aquelas crianças que não observaram estas rotinas. Estas rotinas podem ser alvos promissores para os esforços de prevenção da obesidade infantil, sugere Dra. Sarah Anderson.

Fonte: Sarah E. Anderson, Robert C. Whitaker. “Household Routines and Obesity in US Preschool-Aged Children.” Pediatrics, Feb 2010; doi:10.1542/peds.2009-0417.

sábado, 6 de março de 2010

Mais benefícios com a suplementação com ômega 3

Em mais um estudo apontando beneficios com o uso de suplementos de óleo de peixe tipo ômega3, observou-se uma redução significativa do número de mortes e hospitalizações por problemas cardíacos.Nste estudo, publicado na conceituada revista "British Medical Journal" em Dezembro de 2008, os pesquisadores analisaram dados de 12 estudos iniciais, envolvendo 32,779 pacientes.
Ross T. Tsuyuki e colaboradores relataram que o uso de suplementos de óleo de peixe diminuiu o risco de morte súbita cardiaca em 19%, e mortes por outras causas em 8%. Mais relevante foi a redução de 20% no risco de morrer especificamente de doença cardíaca.
As quantidades de ômega3 utilizadas no estudo variaram de 500mg a 2g, embora a dose mais comum tenha sido de 1g/dia. Em contraste, 03 dos estudos constataram um efeito "neutro"na utilização de desfibriladores/marca-passos cardíacos implantáveis(ICDs) destinados a prevenir arritmias e morte súbita cardíaca. Em outras palavras, o óleo de peixe apresentou beneficios muito maiores que os desfibriladores implantaveis.

References: Leon H, Shibata MC, Sivakumaran S, et al.Effect of fish oil on arrhythmias and mortality: systematic review. BMJ, 2008;338:a2831.

Um bom desjejum é essencial para reduzir calorias

A primeira refeição do dia pode ser decisiva para o número de calorias que serão consumidas ao longo da jornada. Esta é a conclusão de um estudo com crianças da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Toda pesquisa gira em torno do IG. A sigla se refere ao índice glicêmico, uma taxa relacionada à velocidade com que o açúcar de alimentos ricos em carboidratos chega ao sangue. Enquanto alimentos como batatas e pães brancos têm alto IG e lançam açúcares rapidamente no sangue, soja, grãos ricos em fibras e iogurtes permitem que o aumento da taxa de glicose seja mais lento e gradual. Estudos recentes mostram que dietas de alto IG estão associadas ao ganho de peso e desenvolvimento de diabetes e doença cardíaca. Outros sugerem que limitar o consumo desses alimentos é uma boa maneira para emagrecer.


A nova pesquisa, publicada no "British Journal of Nutrition", incluiu 38 crianças entre 8 e 11 anos. Elas alternaram cafés da manhã de alto e baixo IG. Os pesquisadores perceberam que, nos dias em que as crianças começavam o dia com dieta de baixo IG, o consumo calórico nas outras refeições era de 60 calorias a menos em média. A hipótese levantada pelos pesquisadores é que as crianças se sentiam saciadas por mais tempo com um café da manhã de baixo IG.
E para quem acha que a redução calórica foi pequena, os cientistas respodem: ao longo do tempo pode ter impacto na redução do risco de a criança se tornar obesa.

- Como ninguém se torna obeso da noite para o dia, uma redução modesta na ingestão diária de calorias é exatamente do que precisamos - afirma Jeya Henry, professor de ciência da alimentação e nutrição humana na Universidade de Oxford, na Inglaterra. - Essa é uma maneira simples e prática de reduzir o consumo calórico das crianças.

No cardápio de baixo IG, as crianças podiam escolher entre mingau de aveia, cereal de farelo de trigo integral, pães de soja ou de semente de linhaça com geléia sem adição de açúcar. Nos dias em que a dieta de alto IG estava liberada, as crianças podiam comer pães brancos e cereais de trigo refinado. Henry acrescenta que outras opções de baixo índice glicêmico são cereais de aveia, pão de centeio e frutas como maçã, manga e ameixa. Alimentos integrais e ricos em fibras costumam ter IG mais baixo do que os carboidratos processados, como o pão branco.

Este é mais um trabalho que aponta para a importância de escolher com mais critério os carboidratos que consumimos ao longo do dia. Os carboidratos de absorção rápida (alto índice glicêmico), como o açúcar, arroz polido, derivados das farinhas refinadas (Pão branco, bolo,biscoitos, massas,tc) levam a uma maior secreção de insulina. A insulina é um hormônio anabólico, ou seja, contribui decisivamente para o armazenamento de energia(gordura) no organismo. Além disso,níveis elevados de insulina provocam quedas mais acentuadas no nível de glicose no sangue. È por esse motivo que geralmente 2 a 4 horas após uma refeição muito rica em carboidratos refinados os indivíduos sentem necessidade de comer novamente. E geralmente o fazem para se sentir melhor. O resultado disso a longo prazo é obesidade, Diabetes e Doença cardio vascular( cada vez fica mais evidente através das publicações cientifícas a conexão HIPERINSULINEMIA- ATEROGÊNESE E HIPERTENSÂO ARTERIAL).
Contudo o indice glicêmico dos alimentos não deve ser visto de forma isolada. Fundamental importância também é a CARGA GLICEMICA DA REFEIÇÃO, ou seja, a quantidade de carboidrato que se está ingerindo. Um bom exemplo disto é a Melancia. A Melancia apesar de apresentar um índice glicêmico de 72, contudo a quantidade de carboidrato em 100g de melancia é de apenas 5g.


Conclusão: escolha bem seus carboidratos para manter seu peso saudável e prevenir doenças.

Fonte: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?Db=pubmed&Cmd=ShowDetailView&TermToSearch=17451613&ordinalpos=1&itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_RVDocSum

Antiinflamatórios na cozinha?

Artigo publicado no “Journal of Lipid Research” constatou a ação antiinflamatória de seis óleos essenciais: tomilho, cravo da India, eucalipto, erva doce e rosa. A ação antiinflamatória é atribuída ao bloqueio da enzima COX2, importante via de manutenção do processo inflamatório. Os autores identificaram o principio ativo carvacrol como o principal responsável por este efeito.

Os autores do estudo, Hiroyasu Inoue e colaboradores avaliaram uma ampla variedade de óleos essenciais comercialmente disponíveis e identificaram seis que reduziram a expressão da enzima inflamatória COX2 em pelo menos 25%. Destes, o óleo de tomilho demonstrou ser o mais eficaz neste aspecto, tendo reduzido os níveis de COX2 em quase 75%. Os autores atribuíram esta ação fundamentalmente ao CARVACROL, constituinte comum a estes óleos essenciais. De fato, quando utilizaram o extrato de carvacrol puro, constataram uma redução de quase 80% da enzima COX2 em seus testes.

Um dos assuntos mais “quentes” em medicina hoje é a questão da INFLAMAÇÃO. Vamos abordar as várias facetas desta questão em muitos outros posts.
As drogas antiinflamatórias não esteróides clássicas exercem suas ações através da inibição da enzima inflamatória COX1. Exemplos destes fármacos incluem o ácido acetilsalicílico (Aspirina®), Ibuprofeno(Brufen®, Trifene®) e Naproxeno (Naprosyn®, Aleve®), entre outros. O uso prolongado destes medicamentos provou acarretar danos à mucosa gastrointestinal(sangramentos) e ao rim. Para resolver este problema, os pesquisadores da indústria farmacêutica desenvolveram drogas antiinflamatórias inibidoras seletivas da enzima COX2, com a intenção de diminuir a inflamação com a mesma eficácia, sem provocar os efeitos gastrintestinais oriundos da inibição da COX-1. Entre elas, Celecoxib (CELEBRA®), Rofecoxib (VIOXX®) Valdecoxib (BEXTRA®), Eterocoxib(ARCOXIA®).

A partir de 2001 começaram a surgir evidências que o uso destes antiinflamatórios inibidores da COX2 estariam associados a um aumento na incidência de doença cardíaca e AVC. Em 2004 estas suspeitas foram confirmadas por um amplo estudo com o Rofecoxib. O VIOXX foi então retirado do mercado. A retirada do Vioxx do mercado no mundo inteiro deixou milhões de usuários (nos EUA foram 2 milhões) com o problema de saber qual a droga de escolha para o alívio de suas dores.

Os profissionais de saúde dos EUA e países desenvolvidos, incluindo médicos, farmacêuticos, enfermeiros, etc. ,no passado consideravam o uso de plantas medicinais na prática clínica meramente como folclore, simpatia, mito. Contudo esta opinião está mudando. Ironicamente, a Organização Mundial de Saúde estima que 80% da população mundial faz uso rotineiro algum remédio de origem fitoterápica.

Journal Reference:
Mariko Hotta, Rieko Nakata, Michiko Katsukawa, Kazuyuki Hori, Saori Takahashi, and Hiroyasu Inoue. Carvacrol, a component of thyme oil, activates PPAR-gamma and suppresses COX-2 expression. Journal of Lipid Research, January, 2010