domingo, 30 de maio de 2010

Vinagre ajuda a manter os níveis de glicose mais baixos e aumenta a saciedade



O vinagre tem sido utilizado com finalidades terapêuticas e culinárias por séculos. Recentemente alguns estudos tem comprovado os efeitos terapêuticos do vinagre, particularmente seu efeito hipoglicemiante e sacietogênico. Acrescentar uma modesta quantidade de vinagre na dieta pode ajudar a reduzir a glicemia pós-prandial e aumentar a sensação de saciedade durante todo o dia. Estudos preliminares tem mostrado que o vinagre reduz os níveis de glicose pós prandiais em indivíduos sadios. Tem sido discutido se este efeito decorre de sua ação retardando o esvaziamento gástrico.
Em um estudo da Universidade de Michigan (EUA), publicado no jornal científico "Diabetes Care", da Associação Americana do Diabetes, observou-se que consumir cerca de 4 colheres de chá (20 mililitros) de vinagre branco por dia reduz em 30% a resposta glicêmica do organismo,regulando os níveis de insulina no sangue. Foram testados dois grupos de pessoas, com 10 participantes cada, em que um acrescentou a sua dieta o vinagre na quantidade sugerida e outro que recebeu apenas um placebo. Após dois meses de estudos, os cientistas perceberam que houve menos elevação nas taxas de açúcar  dos que receberam o vinagre  que na dos que receberam  o placebo. Segundo os pesquisadores, o segredo do vinagre está no ácido acético que o compõe. Isso porque, o ácido ativa genes responsáveis por enzimas de oxidação dos ácidos graxos.
Um outro estudo da Universidade de Lound, Suécia, verificou que quando acrescentado a uma refeição baseada em carboidratos simples como pão branco de farinha refinada, o vinagre reduzia os níveis pós prandiais de glicose e insulina, e aumentava a sensação subjetiva de saciedade. Neste estudo observou-se uma relação dose/resposta inversa entre o nível de ácido acético e os níveis de glicose e insulina no sangue.
 Como é fácil de observar, vivemos em um ambiente cada vez mais "obesogênico" e "diabetogênico". As pessoas estão comendo mais e pior. Some-se a isto o crescente sedentarimo e o nível alto de sress nas grandes cidades, temos motivos de sobra para  nos preocupar com a saúde de nosso pâncreas. A implementação de hábitos saudáveis, como reduzir o consumo de açúcar, carboidratos refinados(pão branco, bolos, biscoitos,etc) e a utilização diária do vinagre como condimento em saladas ou picles, tem potencial de melhorar nossos níveis de glicemia, reduzindo o risco de Diabetes tipo II.

Fontes:
  1. Brighenti F, Castellani G, Benini L, Casiraghi MC, Leopardi E, Crovetti R, Testolin G: Effect of neutralized and native vinegar on blood glucose and acetate responses to a mixed meal in healthy subjects.
    Eur J Clin Nutr 1995, 49(4):242-247. PubMed Abstract OpenURL

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  2. Liljeberg H, Björck I: Delayed gastric emptying rate may explain improved glycaemia in healthy subjects to a starchy meal with added vinegar.
    Eur J Clin Nutr 1998, 52(5):368-371. PubMed Abstract | Publisher Full Text OpenURL

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  3. Leeman M, Ostman E, Björck I: Vinegar dressing and cold storage of potatoes lowers postprandial glycaemic and insulinaemic responses in healthy subjects.
    Eur J Clin Nutr 2005, 59(11):1266-1271.
  4. Ostman E, Granfeldt Y, Persson L, Björck I: Vinegar supplementation lowers glucose and insulin responses and increases satiety after a bread meal in healthy subjects.
    Eur J Clin Nutr 2005, 59(9):983-988. 
  5. Johnston CS, Kim CM, Buller AJ: Vinegar improves insulin sensitivity to a high-carbohydrate meal in subjects with insulin resistance or type 2 diabetes.
    Diabetes Care 2004, 27(1):281-282.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O efeito terapêutico de um pet


A pesquisa científica tem mostrado que pacientes vítimas de ataques cardíacos que possuem um animalzinho de estimação tem mais probabilidade de viver mais. Até mesmo assistir um aquário cheio de peixinhos pode, ao menos temporariamente, baixar a pressão arterial. Um estudo de 92 pacientes hospitalizados em unidade coronariana por angina ou infarto, descobriu que aqueles pacientes que possuiam um animal de estimação tinham maior probabilidade de estar vivo um ano depois do incidente que aqueles que não possuiam pet. O estudo encontrou que apenas 6% dos pacientes que possuiam um pet morreram no prazo de um ano. No grupo que não possuia pet houve 28% de mortos.
O uso terapêutico de pets como companheiros tem recebido maior atenção dos meios científicos em anos recentes . Ao contrário das pessoas, cujas ações podem ser tanto quanto complexas e imprevisíveis, os animais podem representar uma fonte constante de conforto, afeto e atenção. Eles também podem nos fazer sentir incondicionalmente aceitos e mais responsáveis. Um animalzinho de estimação também pode desviar nosso foco para além de nosso próprio umbigo, nos ajudando a nos conectar com um universo mais amplo.Neste sentido, pode ser fundamental para nos ajudar a nos tornarmos mais humanos.

Comércio e indústria de alimentos investem bilhões em publicidade para induzir nossas crianças a comer o que eles querem

 
 Ninguém de sã consciência pode duvidar do progressivo empobrecimento dos hábitos alimentares de nossas crianças. Embora não trabalhe especificamente com este público, freqüentemente sou solicitado a prestar assistência a filho(a)s de pacientes que estou tratando. Quando solicito um recordatório alimentar semanal, ou seja, aquele tipo de inquérito em que o indivíduo registra tudo que come, inclusive a quantidade, fico realmente entristecido ao ver a quantidade de jovens que, ao final de uma semana, não consumiram nem ao menos uma porção sequer de frutas e/ou verduras.
Nos EUA, o relatório “Marketing de alimentos para crianças e adolescentes: uma revisão das despesas , atividades e auto-regulação das indústrias”, apontou que a propaganda de comida para crianças está integrada a campanhas publicitárias que associam a mídia tradicional, como a televisão e cinema, com as mídias impressas em embalagens, cartazes, revistas e até internet.
Muitas vezes a propaganda é subliminar. Quando a criança vê o seu herói, como Bob esponja ou outro personagem de desenho animado ou filme, comendo um hamburger com fritas e refrigerante, fica em sua mente o reforço positivo para aquele comportamento.
Segundo o relatório, uma das estratégias deste comércio tem sido o que ele chama de “marketing promocional cruzado”. Este tipo de marketing tem sido comum nos últimos anos, fazendo ligação de alimentos e bebidas a um sem número de filmes, shows de televisão, e personagens animados que apelam diretamente à criançada. Filmes como “o retorno do super man” e “Piratas do Caribe” serviram para promover campanhas em redes de fast food, pipocas em redes de cinema, cereais, refrigerantes, doces, etc.
Em termos de onde o dinheiro da propaganda está sendo gasto para conquistar as crianças, o relatório aponta que “a propaganda de televisão ainda domina o panorama.  As companhias gastaram em 2006 cerca de $745 milhões de dólares neste tipo de mídia. Mais de 50% dos anúncios televisivos foram direcionados a crianças com menos de 12 anos. Para este público predominaram os anúncios de cereais de caixinha e cadeias de fast food.”
Cada vez mais observamos propaganda de alimentos para crianças com o fim de fazê-las presas de alimentos indesejáveis com alto teor de sal, açúcar, gorduras trans e aditivos químicos. Crianças em idade escolar que assistem mais televisão tem mais probabilidade de desenvolver hábitos ruins de alimentação nos próximos 5 anos. Esta foi a conclusão de um estudo de pesquisadores do estado de Minnesotta, que envolveu quase 2000 crianças em idade escolar. Os autores encontraram que crianças que assistiam mais de 5 horas de televisão por dia, tiveram  menor ingestão de frutas, verduras, grãos integrais e alimentos ricos em cálcio; e maior ingestão de petiscos, alimentos processados, frituras, bebidas açucaradas e gorduras trans, 5 anos mais tarde.
Embora as crianças possam ter consciência de que muitos dos produtos anunciados na televisão não são saudáveis, elas podem ignorar as conseqüências que estes alimentos podem ter  na saúde e até na aparência pessoal, já que os atores e personagens associados a estes alimentos nos comerciais geralmente são atléticos e têm boa saúde.
Eu considero que a melhor estratégia para combater o erro e a “mentira” é promover a verdade. Como pais, primeiro temos que dar o exemplo. Criança só come o que os pais compram. E devemos aprender a resistir às “chantagens” emocionais que eles sabem bem utilizar. Também, o período do primeiro ao terceiro ano de vida, eu considero a janela de oportunidade para plantar bons hábitos. Neste período a criança estabelece suas preferências alimentares. Os pais devem apresentar os sabores dos diversos legumes e frutas separadamente antes de misturar tudo nas sopinhas, papas, etc. Limitar o tempo da criança em frente da televisão também é uma medida saudável. Há algum tempo vi um estudo que também associava o tempo gasto em televisão a um maior risco de fraturas em crianças. Isto se explica porque a criança que passa mais tempo em televisão (ou vídeo game) desenvolve menos habilidades espaciais e motoras e está mais sujeita a quedas.

Fontes

1. Daheia J Barr-Anderson, Nicole I Larson, Melissa C Nelson, Dianne Neumark-Sztainer and Mary Story. Does television viewing predict dietary intake five years later in high school students and young adults? International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, (in press). http://www.sciencedaily.com/releases/2009/01/090129213436.htm

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Carnes processadas aumentam o risco de doença cardíaca e diabetes


Vejam só...poucos dias depois de postarmos aqui sobre os perigos dos alimentos processados, as agências de noticias divulgaram o resultado de um abrangente estudo da escola de saúde publica de Harvard, publicado na revista Circulation. Segundo este estudo, o consumo de carnes processadas, como salsicha, presunto, linguiça e embutidos, aumenta o risco de doença coronariana. Já a carne vermelha, não parece ser nociva. O estudo em questão foi uma "metanálise", onde os autores analisaram vários estudos nos quais participaram mais de um milhão de pessoas.Eles concluem que consumir 50 gramas de carne processada ao dia, o equivalente a uma ou duas fatias de presunto ou uma salsicha, está associado a um aumento de 42% nas probabilidades de desenvolver doença coronariana, e em 19% a chance de diabetes.Estas carnes apresentam quatro vezes mais sal e 50% mais conservantes baseados em nitratos do que as carnes frescas.
Para quem só consumia carnes vermelhas não processadas, não houve elevação significativa nos riscos. Os pesquisadores disseram que outros cuidados com a saúde eram semelhantes entre os dois grupos.
Renata Micha, da Escola de Saúde Pública de Harvard, defende que as carnes processadas e não-processadas à venda nos Estados Unidos contêm quantidades semelhantes de colesterol e gorduras saturadas, portanto não é este o principal responsável por estes resultados.

Fonte:
Red and Processed Meat Consumption and Risk of Incident Coronary Heart Disease, Stroke, and Diabetes Mellitus. A Systematic Review and Meta-Analysis, 10.1161/CIRCULATIONAHA.109.924977

domingo, 16 de maio de 2010

Alimentos processados: comida que não parece comida.

Eu defendo a tese de que boa parte dos nossos problemas de saúde atuais advém do fato de não estarmos mais comendo comida. Isto, comida de verdade... aquela que nossos avós estavam acostumados. No idioma inglês eles cunharam um termo bem apropriado para este tipo de alimento: ”junk food” ou, literalmente, alimento lixo. Muitas calorias,muitos aditivos, poucos nutrientes. Não vejo melhor definição que esta para um monte de itens com que a indústria de alimentos tem abarrotado os nossos supermercados.
Em anos recentes nossas rotinas alimentares tem sido alteradas pela introdução de um número cada vez maior de alimentos processados, que podem ter  um impacto francamente negativo em nossa saúde. Veja algumas razões por que faríamos bem em reduzir o consumo de alimentos processados:
 
O que são alimentos processados?
 Alimentos processados são alimentos que sofreram alterações em seu estado natural por razões de segurança e conveniência. Métodos de processamento incluem congelamento, refrigeração, envasamento, desidratação, pasteurização, aditivos químicos, etc.
Algumas razões por que os alimentos processados podem não ser saudáveis:
 
1. Alto conteúdo de sódio.
 
Sódio(componente do sal de cozinha) é um preservativo para o alimento. É usado para aumentar o tempo de prateleira do produto e ajuda a diminuir a contaminação. O conteúdo de sódio pode ser bem alto em alguns alimentos processados, como sopas de saquinho, queijos fatiados, macarrão instantâneo, pães brancos, etc. Muitos alimentos processados também recebem adição de monoglutamato de sódio, que é a base do conhecido tempero Ajinomoto.
Embora o sódio seja um mineral essencial, o aumento da ingestão de sódio na dieta pode aumentar o risco de desenvolver hipertensão arterial, doença cardiovascular e doença renal.
 
2. Alto conteúdo de açúcar.
 
Alimentos processados tendem a ter mais açúcar também.  Infelizmente o açúcar está em quase tudo. Por isso , é saudável adotar o hábito de verificar , nas embalagens , os ingredientes que compõem catchups, maioneses, temperos para salada, biscoitos, pães. Veja também se há algum elemento terminado em “ose” , como sacarose ou frutose. Todos contém açúcar.  Existe tanto açúcar oculto que nós , provavelmente, chegamos a consumir 40 quilos por ano,  a nossa revelia. No último censo , nos Estados Unidos, os fabricantes de alimentos usaram cerca de 6 bilhões de quilos de açúcar por ano, somente. Já abordamos anteriormente as várias formas como o açúcar pode favorecer a doença.
 
3. Alto conteúdo de gordura e ácidos graxos trans.
 
Gordura tem alta densidade calórica por possuir mais calorias por peso. Portanto tem um impacto significativo no problema do sobrepeso/obesidade. Outro problema é o excesso de gordura trans em muitos alimentos processados. A maior preocupação deve ser com os alimentos industrializados - como sorvetes, batatas-fritas, salgadinhos de pacote, pastelarias, bolos, biscoitos, entre outros; bem como as gorduras hidrogenadas e margarinas, e os alimentos preparados com estes ingredientes. Em outro post expliquei como mesmo os produtos com o rótulo “Zero % de gordura trans”, ou, “livre de gordura trans podem ser enganosos. A gordura trans tem conhecidos efeitos deletérios para o sistema cardiovascular e aumenta o risco de um ataque cardíaco, diabetes e obesidade.
 
4. Alto conteúdo de Nitritos/Nitratos e outros aditivos químicos.
 
Um aditivo alimentar, no senso comum, é qualquer substância adicionada ao alimento. Legalmente, entretanto, o termo significa "qualquer substância adicionada propositalmente a um alimento com o objetivo de alterar características deste". Esta definição abrange qualquer composto usado na produção, processo, embalagem, transporte ou estoque do alimento.
Emulsificantes, estabilizantes, espessantes, aromatizantes, flavorizantes, edulcorantes, quelantes, antioxidantes, aditivos alimentares... são inúmeros as finalidades e quantidades de aditivos em um alimento processado. Se por um lado os aditivos são úteis para conservar, dar gosto, melhorar a aparência do alimento, eles possuem um lado ruim que muitas vezes deixamos de lado. Os nitritos são usados para conservação de carnes processadas, como bacon, presuntos, mortadelas,salsichas, salame, hamburgers, etc. Alguns estudos evidenciam que, no estômago, o nitrito de sódio pode se transformar em metabólitos carcinogênicos: nitrosaminas, associadas ao câncer de estômago e tubo digestivo.Muitos aditivos também podem desencadear reações alérgicas em indivíduos sensíveis. Espirro, erupções cutâneas, prurido, coriza, desconforto gastrointestinal, etc, são sintomas comuns que costumam se manifestar em quem tem sensibilidade a aditivos alimentares. Eu mesmo, durante muito tempo, sempre que bebia um suco de caju de determinada marca apresentava imediatamente um quadro de congestão nasal e espirros, o que não acontecia quando bebia sucos de caju de outras marcas.

sábado, 15 de maio de 2010

Alimentos funcionais-os benefícios da linhaça na saúde(continuação)

Embora Lilian Thompson, pesquisadora da linhaça internacionalmente conhecida, da universidade de Toronto,  afirme que os possíveis benefícios da linhaça na saúde ainda não estão “bem estabelecidos”, a pesquisa científica aponta na direção da diminuição do risco de várias doenças, como, doença cardiovascular, certos tipos de câncer , menopausa e asma. Vejamos:

Câncer

Estudos recentes tem sugerido que a linhaça pode ter um efeito protetor contra o câncer, particularmente, câncer de mama, próstata e cólon. Pelo menos dois dos componentes da linhaça parecem contribuir para este efeito.
Em estudos  animais o ácido alfa linolênico(ALA) inibiu a formação e crescimento de tumores experimentais. Também, as lignanas podem prover alguma proteção contra os chamados câncer hormônio dependentes. Alguns estudos tem sugerido que a exposição a lignanas durante a adolescência ajuda a reduzir o risco de câncer de mama.
As lignanas atuariam neste aspecto, bloqueando enzimas envolvidas no metabolismo hormonal e/ou interferindo com o crescimento e disseminação de células tumorais.
Os antioxidantes presentes na linhaça também podem ter ação no efeito protetor sobre o câncer e doença cardíaca.

Doença cardiovascular

A pesquisa científica sugere que o omega 3 da linhaça pode ajudar o sistema cardiovascular através de diferentes mecanismos, principalmente pela ação moduladora nos processos inflamatórios e ação antiarrítmica.
Vários estudos tem mostrado que dietas ricas em omega 3 da linhaça ajudam a prevenir o endurecimento das artérias, diminuindo a aterogênese e melhorando a viscosidade do sangue. "As lignanas da linhaça tem mostrado reduzir o crescimento da placa ateroesclerótica em até 75%, afirma Fitzpatrick, pesquisador deste alimento. Como os acidos graxos omega 3 também desempenham uma função na manutenção do ritmo normal do coração, eles podem ser úteis nos tratamentos das arritmias cardiacas e insuficiência cardíaca, embora mais estudos sejam necessários para comprovar estes efeitos.
Incorporar a linhaça na sua rotina diária também pode ajudar a manter níveis saudáveis de colesterol. A fração LDL cholesterol, particularmente as pequenas partículas de LDL na corrente sanguinea têm sido associadas a aumento do risco de doença cardiovascular, obesidade, diabetes e síndrome metabólica. Um estudo franco-canadense em mulheres em menopausa relatou uma diminuição nas perigosas partículas pequenas de LDL com o consumo de 4 colheres diárias de linhaça durante um ano.Este efeito redutor do colesterol na linhaça, provavelmente deve-se a uma ação sinérgica dos ácidos graxos ômega 3, lignanas e fibras.

Diabetes

Estudos preliminares também sugerem que a ingestão diária de lignanas da linhaça podem (modestamente) melhorar as taxas de glicose no sangue.(melhores níveis de hemoglobina glicada em pacientes com diabetes tipo II).

Inflamação

Dois constituintes da linhaça, ácido alfa linolênico(ALA) e lignanas, podem reduzir a inflamação que acompanha certas doenças(como Parkinson, Asma, artrites,etc.) modulando o processo inflamatório pelo bloqueio da liberação de certos mediadores quimicos pró-inflamatórios. Esta ação tem sido verificada em estudos em animais e seres humanos.
Reduzir a inflamação também está associado à diminuição da progressão da placa arteriosclerótica nas artérias, ajudando assim a prevenir ataques cardíacos e AVCs.

Sintomas da Menopausa

Um estudo preliminar em mulheres na menopausa, publicado em 2007, relatou que 2 colheres de sopa de linhaça(em duas tomadas por dia) reduziu em 50% a incidência dos chamados “fogachos”. A intensidades dos sintomas também foi reduzida em 57%. As mulheres notaram a diferença 1 semana após iniciar  o consumo,  e alcançaram o benefício máximo após 2 semanas de uso da linhaça.

Quem não deveria usar a linhaça?
Até que mais dados estejam disponíveis, mulheres grávidas e possivelmente mulheres amamentando não deveriam utilizar a linhaça em suas dietas. Alguns estudos em animais mostraram que a exposição à linhaça nestas situações poderia ter feito protetor sobre o câncer de mama na descendência destes animais. Entretanto, outro pesquisador encontrou um efeito oposto.

Dicas sobre o uso da linhaça.
1. O que é melhor, consumir o grão ou o óleo? Muitos experts acreditam que o grão (que possui todos os componentes beneficos) é mais indicado para o consumo diário. O óleo para ter efeito benéfico, tem que ser prensado a frio, pois os ácidos graxos omega 3 da linhaça são muito delicados e sofrem rancenificação quando expostos ao calor. 

2. Qual a quantidade adequada para consumo diário? A dose ótima para o consume diário ainda não é conhecida. Contudo,1 a 2 colheres de sopa por dia tem sido a dose sugerida atualmente pelo Conselho de linhaça do Canada

3. Comprar o grão e moê-lo em casa ou comprar a farinha pronta? É preferível moer a linhaça em casa a comprar a farinha de linhaça já pronta. Uma vez moída, os ácidos graxos omega3 em contato com o ar sofrem rapidamente oxidação e alteram a qualidade do produto. Para moer os grãos, um moedor elétrico de café ou mesmo liquidificador realiza bem a tarefa.
 
4. Qual a melhor, a linhaça dourada ou a escura? O valor nutricional entre as duas espécies é bastante semelhante. Contudo, por questão de sabor, muitos dão preferência à linhaça dourada.

5. A linhaça depois de moída deve ser guardada preferencialmente no freezer para melhor conservação de suas propriedades nutricionais. O grão da linhaça pode ser armazenado em ambiente seco e abrigado da luz por até um ano.

6. Adicione a linhaça aos pratos que você habitualmente consome. Saladas, Iogurte, sopas almôndegas ou feijão combinam bem com a linhaça. A linhaça também substitui bem uma parte da farinha de trigo nos produtos de panificação: pães, bolos, biscoitos, panquecas, etc. 

Fontes:

1.    Thompson LU, Robb P, Serraino M, Cheung F. Mammalian lignan production from various foods. NutrCancer 16: 43-52,1991
2.    Thompson LU. Flaxseed, lignans, and cancer. In: Flaxseed in Human Nutrition. SC Cunnane and LU Thompson, eds. AOCS Press, Champaign ILL 1995
3.    Thompson LU. Experimental studies on lignans and cancer. In Bailliere's Clin Endocrinol Metab 12:691-705, 1998
4.    Thompson LU. Role of lignans in carcinogenesis. In: Phytochemicals in Human Health Protection, Nutrition, and Plant Defense. IT Romeo, ed. Plenum Publ, New York, 1999.
5.    Russo J, Russo IH. DNA labeling index and structure of the rat mammary gland as determinants of susceptibility to carcinogens. J Natl Cancer Inst 61: 1451-1495, 1978
6.    Ward WE, Jiang FO, Thompson LU. Exposure to flaxseed or purified 1ignan during lactation influences rat mammary gland structures. Nutr Cancer 37: 187192,2000
7.    Tou JCL, Thompson LU. Exposure to flaxseed or its lignan component during different developmental stages influences rat mammary gland structures. Carcinogenesis 20:1831-1835, 1999
8.    Reeves PG, Nielsen FM, Fahey GCJr. AIN-93 purified diets for laboratory rodents: Final report of the American Institute of Nutrition ad hoc writing committee on the refonnulation of the AIN-76A rodent diet. J Nutr 123:19391951,1993
9.    Tou JCL, Chen J, Thompson LU. Flaxseed and its lignan precursor, secoisolariciresinol diglucoside, affect pregnancy outcome and reproductive development in rats. J. Nutr 128:1861-1868, 1998
10.    Lotinum S, Westerlind K, Turner R. Tissue selective effects of continuous release of 2 ORE 1 and 16aOHEl on bone, uterus and mammary gland in ovariectomized growing rats. J Endocrinol170: 165-174, 2001
11.    Osborne M, Bradlow H, Wong G, Telang N. Upregulation of estradiol C16ahydroxylation in human breast tissue: a potential biomarker of breast cancer risk. J Natl Cancer Inst 85:1917-1920,1993
12.    Bradlow H. 2-hydroxyestrone: the good estrogen. J Endocrinol 150:S259-S265, 1996
13.    Fowke J, Longcope C, Hebert J. Brassica vegetable consumption shifts estrogen metabolism in healthy postmenopausal women. Cancer Epidemio1 Biomarkers Prev. 9:773-779, 2000
14.    Rickard SE, Orcheson D, Seidl MM, Luyengi L, Fong HHS, Thompson LU. Dose-dependent production of mammalian lignans in rats and in vitro from the purified precursor secoisolariciresinol diglucoside in flaxseed. J Nutr 126:20122019,1996
15.    Klug T, Bradlow L, Sepkovic D. Monoclonal antibody-based enzyme immunoassay for simultaneous quantification of 2- and 16a- hydroxy estrone in urine. Steroids 59:648-355, 1994
16.    Bloedon, Leanne T., Szapary, Philippe O. 2004. Flaxseed and Cardiovascular Risk. Nutrition Reviews, 62(1): 18-27(10)
17.    Connor, W.E., American Journal of Clinical Nutrition, January 2000, vol 71 No. 1, 171S-175S.
18.    Albert, C.M., et al, Circulation, 2005: 112: 3232-3238.
19.    Zhao, G., et al, American Journal of Clinical Nutrition, February 2007, vol. 85 no. 2, 385-391.
20.    Brighenti, F., et al, British Journal of Nutrition, May 2005, 93(5): 619-25.
21.    Young, I.S., et al, Journal of Clinical Pathology, 2001 54: 176-186.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Alimentos Funcionais - Os benefícios da linhaça na saúde


A Linhaça figura entre os chamados alimentos funcionais mais relevantes para a saúde humana. Os alimentos funcionais, quando consumidos regularmente, se caracterizam por oferecer vários benefícios à saúde, além do valor nutritivo inerente à sua composição química, podendo desempenhar um papel potencialmente benéfico na redução do risco de doenças crônicas degenerativas(Diabetes, hipertensão arterial, câncer, etc.).
A linhaça teve o seu consumo bastante propagado nos últimos anos em função de supostos efeitos benéficos no emagrecimento. Também novas evidências estão surgindo de que pode ajudar a reduzir o risco de doença cardiovascular, diabetes mellitus e câncer de mama.
A história da linhaça remonta a 3000 AC, quando já teria sido cultivada na Babilônia. Por volta do oitavo século , o rei Carlos Magno acreditava tão fortemente nos benefícios da linhaça na saúde, que estabeleceu leis requerendo que seus vassalos passassem a consumi-la.
Embora a linhaça possua uma variedade de ingredientes potencialmente benéficos, ela deve sua reputação de alimento funcional a primariamente 3 de seus componentes:

  • Acidos graxos ômega 3: Linhaça é rica em ácido alfa linolênico(ALA), um ácido graxo do tipo ômega 3, que é um precursor da forma de ômega 3 encontrada no óleo de peixe chamado ácido eicosapentanóico(EPA). Uma recente checagem na base de dados “Medline” revelou 1677 artigos de pesquisa sobre o ácido linolênico, investigando seus numerosos efeitos sobre vários processos fisiológicos e condições de saúde.Os ômega 3 são nutrientes essenciais para modular a inflamação em nosso organismo. Crescentes evidências mostram um papel fundamental da inflamação em vários processos patológicos crônicos, incluindo doença cardiovascular, diabetes, asma e até câncer. Esta inflamação pode ser acentuada por uma alimentação deficiente em fontes de ômega 3, especialmente em relação a uma ingesta aumentada de ômega 6 (óleos vegetais-soja, canola, girassol, etc.). A linhaça surge como de grande valia para ajudar a equilibrar esta proporção ômega 3:ômega 6. 

  • Lignanas: são fitoquimicos que possuem propriedades antioxidantes e  estrogênicas(como as isoflavonas da soja). A principal lignana da linhaça é o secoisolariciresinol.A linhaça contém 75 a 800 vezes mais lignanas que qualquer outro vegetal. Alguns estudos tem reportado uma associação positiva entre  alto níveis de lignanas no organismo e diminuição do risco de câncer hormônio dependente ( mama, ovário, próstata), osteoporose e doença cardiovascular. 

  • Fibras: a linhaça contém tanto fibras solúveis quanto insolúveis. A fibra solúvel tem conhecidas propriedades reguladoras do colesterol e dos niveis de glicose no sangue. Autoridades em saúde recomendam em torno de 30g de fibras por dia. Estima-se que a maioria dos americanos consumam menos de 15g.
Neste ponto, gostaria de chamar a atenção para uma questão: SINERGIA. Sinergia é quando o resultado da soma dos componentes é maior que o valor individual dos mesmos. Neste aspecto está uma grande diferença entre consumir o alimento ou o suplemento alimentar. No alimento há sinergia.
No próximo post continuaremos tratando da linhaça.

domingo, 9 de maio de 2010

Feliz dia das mães, Gaia!


Hoje é dia das mães. Em meio às festividades deste dia, sempre sou remetido a um sentimento de nostalgia pela ausência da minha mãe, que deixou este mundo há alguns anos. Nestas introspecções, me pus a divagar em como temos tratado a nossa mãe. Não... não estou me referindo à nossa genitora, homenageada nesta data. Refiro-me a nossa "mãe" enquanto espécie homo sapiens: Gaia, terra, natureza ou seja lá o nome que se queira dar. O fato é que, se comparado ao tempo total de existência do planeta, a humanidade surgiu só há algumas "horas", e no entanto, ja colocamos em risco todas as espécies que este planeta abriga, inclusive nós mesmos.

Em 1979, James Lovelock, um dos mais renomados cientistas ambientais do mundo e membro da Royal Society, do Reino Unido, popularizou a sua idéia acerca do nosso planeta através do livro "Gaia: um novo olhar sobre a vida na terra". Segundo Lovelock, a Terra, a quem ele chama de Gaia (em referência à mitologia grega), não é um cenário estático a mercê dos caprichos da humanidade. Sua idéia central é que a terra é um organismo vivo, que se auto regula,composto por todos os seres vivos e seu ambiente material.

Quando, nos anos setenta, ele esboçou pela primeira vez sua brilhante teoria da Gaia, pessoas no mundo inteiro a abraçaram, e num curto espaço de tempo o conceito de Gaia deixou de ser uma idéia à margem do pensamento científico para constituir-se numa de suas correntes principais.

Novas áreas de pesquisa têm sido abertas por este conceito inovador. Lovelock afirma:"Se considerarmos o planeta como sendo um superorganismo do qual somos uma parte - não os proprietários ou inquilinos, nem mesmo passageiros - poderíamos ter ainda muito tempo pela frente e nossa espécie poderia sobreviver pelo tempo que a ela estava destinado. Só depende de mim e de você."


sábado, 8 de maio de 2010

Níveis ótimos de vitamina D podem proteger contra a gripe

Em posts anteriores estive abordando sobre os efeitos multiformes da vitamina D no organismo e como os níveis de vitamina D têm diminuido na população de uma maneira geral. Hoje escreverei algo sobre a relação  vitamina D x infecção.
Nos paises escandinavos onde a incidência da luz solar não é uniforme durante o ano, é bem conhecido o fato de que no inverno, há um aumento na incidência de gripes e infecções respiratórias. O cientistas  tem associado os reduzidos níveis de vitamina D observado nos meses de inverno, como o principal suspeito pelo aumento dos casos de doenças infecciosas. Vitamina D, qualquer que seja a fonte(luz solar, lâmpadas artificiais ou suplementos) reduz a incidência de infecções respiratórias.
Há estudo mostrando que quando atletas russos receberam lâmpadas "solares" para estimular a síntese de vitamina D, houve 50% menos infecções respiratórias.
Outro estudo aponta que crianças com  níveis séricos menores de vitamina D tinha probabilidade 11 vezes maior de desenvolver infecções respiratórias. Quando 60.000 IU por semana de vitamina D foi administrado durante seis semanas a crianças com história de infecções respiratórias frequentes, o resultado foi um quase total desaparecimento de tais infecções nos seis meses seguintes.
Em outro estudo, recrutas militares finlandeses com níveis sericos de vitamina D < de 40 nmol/L tiveram significativamente mais dias de ausência de suas funções devido a infecções respiratórias.
Em suma, os estudos  apontam evidências bem plausíveis que a vitamina D pode desempenhar um importante papel na prevenção da gripe por influenza, O diagnóstico e tratamento da deficiência de vitamina D é fácil, barato e sem maiores riscos. Dado o que se sabe hoje do papel da vitamina D na saúde humana, muitos consideram esta questão como importante assunto de saúde pública

Fontes:
Arch Intern Med. 2009 Feb 23;169(4):384-90.
Epidemiol Infect. 2006 Dec;134(6):1129-40.
Photodermatol Photoimmunol Photomed. 2004 Oct;20(5):270-1.
Epidemiol. Infect. 134 (6): 1129–40
European journal of clinical nutrition 58 (4): 563–567

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Em defesa do abacate

Em minha prática clínica tenho observado freqüentemente uma atitude receosa em relação ao abacate. Os questionamentos que mais ouço: “O abacate tem muita gordura. Não vai piorar o meu colesterol e fazer mal para o coração?” ou,  “Abacate tem muita caloria. Vai me fazer engordar.”  Vamos por partes. Embora muito rico em gordura, a principal gordura do abacate é a monoinsaturada (a mesma do azeite de oliva), altamente benéfica à saúde. Em 1996, estudo realizado por pesquisadores do Instituto Mexicano do Seguro Social  observou o efeito do consumo regular de abacate nos lipídios no sangue. Os 45 voluntários que comeram abacate diariamente durante 1 semana experimentaram uma redução média de 17% na taxa de colesterol, diminuição nos níveis do LDL colesterol e triglicérides, além de aumento no HDL colesterol. Este conjunto de mudanças aponta para uma redução no risco de doença cardiovascular.
Os pesquisadores também descobriram que o abacate também é uma rica fonte de beta sitosterol, uma substância natural que apresenta importantes propriedades redutoras do colesterol. Hoje o beta sitosterol está sendo incorporado em vários produtos industrializados(margarinas, lacticínios, etc) por suas  propriedades profiláticas.
De fato, o abacate, em comparação com outra fruta, tem valor energético considerável devido ao seu alto teor de gordura. Aproximadamente 162 calorias por 100 gramas. Contudo, é perfeitamente  compatível em um plano racional de emagrecimento. Aliás, há muito mais a considerar a considerar em um plano saudável de emagrecimento que a simples contagem de calorias. Em favor do abacate pesa a sua baixa carga glicêmica(baixo conteúdo de carboidratos) e alto conteúdo de potássio e magnésio, que fazem dele uma excelente opção para indivíduos com problemas de resistência insulínica e diabetes mellitus.  O alto teor de gordura do abacate ajuda manter a saciedade por mais tempo e evita as oscilações nos níveis de glicose e insulina no sangue.  O abacate é também uma excelente fonte de vitaminas antioxidantes, principalmente a vitamina E, thiamina, glutationa e ácido fólico. Os antioxidantes apresentam propriedades antienvelhecimento e protegem contra doenças crônico-degenerativas.
Fontes:
 
  1. Anderson, J. W. 1990. Dietary fiber and human health. HortScience 25: 14881494.
  2. Grant, W.C. 1960. Influence of avocados on serum cholesterol. Proc. Soc. Exper. Bioi. Med. 104:45-47.
  3. Chern. 28:1217-1221.
  4. Junshi, C., T.C. Campbell, L. Junyao, and R. Peto. 1990. Diet, life-style, and mortality in China: a study of the characteristics of 65 Chinese counties. Oxford, New York.
  5. Polansky, M.M., and E.W. Murphy. 1966. Vitamin B 6 components in fruits and nuts. J. Amer. Dietetic Assoc. 48: 1 09-111 .
  6. Purseglove, J. W. 1968. Tropical crops: Dicotyledons. Wiley, New York.
  7. Rinzler, C.A. 1987. Avocados, p. 16-17. In: The complete book of food: a nutritional, medical, and culinary guide. World Almanac, New York.
  8. Shun-Zhang, Y., L. Rui-Fang, X. Da-Dao, and G.R. Howe. 1990. A case-control study of dietary and nondietary risk factors for breast cancer in Shanghai. Cancer Research 50:5017-5021.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Circunferência abdominal pode revelar riscos à saúde




Maçã ou Pêra?

O excesso de peso e um IMC (indice de massa corporal) alterado  não são os únicos indicadores considerados para avaliar os potenciais riscos da obesidade para a saúde. A distribuição da gordura corporal também desempenha um importante papel. Por exemplo, a gordura que se acumula na linha da cintura, conhecida como gordura visceral ou central (forma em "maçã") acrescenta maior risco à saúde que a gordura que se acumula em torno das coxas e pelvis(forma em "pêra"). Os homens são geneticamente mais predispostos a acumular gordura na linha da cintura, contudo muitas mulheres podem apresentar este padrão masculino de obesidade(obesidade andróide). A gordura visceral está substancialmente associada a aumento do risco de doença cardiovascular, sindrome metabólica e diabetes mellitus.
Quando a "barriguinha" passa a ser um perigo?
A circunferência abdominal tem sido apontada como uma medida confiável da gordura abdominal e fator de risco independente. Uma circunferência abdominal maior de 102 cm nos homens e maior de 88 cm nas mulheres está associado a maior risco para Diabetes tipo II, Dislipidemia(anormalidades do colesterol no sangue), hipertensão e doença cardiaca.
Indice de Massa Corporal(IMC) e Circunferência abdominal
A circunferência abdominal pode ser particularmente útil em pessoas com IMC normal (20-25) ou na faixa de sobrepeso(25-30) porque o IMC pode superestimar a gordura corporal naqueles com mais massa muscular (atletas)e subestimar a gordura naqueles com menos musculatura(ex. idosos). Por exemplo, há homens com ombros largos e quadris estreitos que, de acordo com o IMC apresentam sobrepeso. Estes homens tem pouca gordura abdominal(circunferência abdominal < 102 cm), portanto menos riscos à saúde. Por outro lado, homens com IMC na faixa da normalidade(20-25) que possuem circunferência abdominal aumentada (>102 cm), estrão sob maior risco. A única exceção é para aqueles obesos com IMC de 35 ou maior. Para estes, a circunferência abdominal acrescenta pouco em termos de risco além do proprio IMC.
Como medir a circunferência abdominal?
Todo que você necessita é uma fita métrica. De pé, de preferência em jejum e com a fita ajustada ao nivel da cicatriz umbilical ou a nivel da borda superior do osso ilíaco. Estes são os dois locais mais utilizados.A  fita deve estar ajustada o suficiente para não comprimir a pele.
Acompanhar as mudanças na circunferência abdominal também é um recurso importante para monitorizar o progresso do tratamento clínico do sobrepeso/obesidade. Principalmente quando o paciente começa a praticar atividades fisicas regularmente. Chega um ponto onde ele aparentemente não esta perdendo mais peso (plateu) na balança. No entanto, se a circunferência abdominal está diminuindo, significa que está mobilizando gordura e continua emagrecendo, a despeito de não ter reduzido o peso.

Sono insuficiente está associado a mais inflamação

Em post anterior discutimos como a inflamação “oculta” pode se estabelecer no organismo constituindo um terreno propício para o desenvolvimento de muitas das chamadas doenças modernas (Diabetes, Infarto, AVC, câncer, etc.).
Em recente estudo publicado na revista SLEEP, pesquisadores da divisão da Medicina do Sono do hospital universitário em Cleaveland (USA)  mostraram que a restrição do sono em 50% do tempo habitual de sono dos indivíduos estudados, induziu ao aumento significativo nos níveis plasmáticos de Interleucina-6 (IL-6), um conhecido biomarcador de inflamação. No estudo observou-se também aumento, embora não significativo, da Proteina C reativa, outro marcador inflamatório.
A ciência está aprofundando cada vez mais o conhecimento de como a inflamação pode ser o “combustível” para quadros complexos como dores crônicas,diabetes,doença cardiovascular, câncer e até mesmo depressão.Eu considero o sono um dos 4 pilares da boa saúde: NUTRIÇÃO, ATIVIDADE FÍSICA, EQUILIBRIO MENTE-CORPO(ou gerenciamento do stress) e SONO. Interessante notar que desequilíbrios relacionados aos outros 3 pilares, também promovem alterações nos mediadores inflamatórios

 
Fonte: Patel SR; Zhu X; Storfer-Isser A; Mehra R; Jenny NS; Tracy R; Redline S. Sleep duration and biomarkers of inflammation. SLEEP 2009;32(2):200-204.

sábado, 1 de maio de 2010

Zero % de gordura trans- acredite quem quiser


A população tem sido frequentemente alertada pelas autoridades médicas e meios de comunicação acerca dos malefícios que a gordura trans pode causar à saúde.
No Brasil, a partir do segundo semestre de 2006, as empresas foram obrigadas a declarar a quantidade de gordura trans no rótulo, de acordo com a resolução da Anvisa (RDC 360/2003). Poucos produtos já foram reformulados a fim de eliminar essa gordura de sua composição.
Apesar da resolução que obriga os fabricantes de alimentos industrializados a declarar a quantidade de gordura trans em seus produtos, as indústrias usam uma brecha técnica para continuar a vender produtos com gordura trans e ao mesmo tempo utilizar selos e rótulos em suas embalagens declarando-os com "0% de gordura trans".
A brecha técnica funciona da seguinte maneira: se o produto contiver até 0,2g de gordura trans por porção, a Anvisa permite que a embalagem estampe a alegação "Não contém...", "Livre de...", "Zero..." ou "Isento de...". Isso permite que o próprio fabricante arbitrariamente escolha qual o tamanho de 1 porção de seu produto que fique abaixo de 0,2g. Um fabricante de biscoitos, por exemplo, pode imprimir em sua tabela nutricional que os valores de 1 porção equivalem a 1/2 biscoito, e assim induzir o consumidor a acreditar que esse produto não contém nenhuma gordura trans.

Uma maneira segura de comprovar a adição de gordura trans é a leitura da lista de ingredientes do alimento. Se contiver gordura vegetal hidrogenada, ou gordura vegetal, certamente contém gordura trans.
A Anvisa não exige mais (2008) que os fabricantes grafem gordura vegetal hidrogenada por extenso nas embalagens, permitindo que ela seja indicada apenas como gordura vegetal. Então, outra maneira de verificar a presença de gordura trans é verificar a lista de ingredientes impressa nas outras línguas - se disponível.
Atualmente alguns fabricantes estão substituindo a gordura hidrogenada pela gordura interesterificada. Estudos preliminares mostram que esta pode ser mais danosa à saúde do que a gordura hidrogenada.