terça-feira, 8 de junho de 2010

Reduzir o consumo de sal nas populações pode ser a política mais barata e eficiente para reduzir mortes e gastos por doença cardiovascular

A Organização Mundial da Saúde(OMS), estabeleceu uma meta para a redução global do consumo alimentar de sal, e lançou uma campanha pedindo aos países para que a população reduza o consumo médio de sal para menos de 5 g/dia. Esse objetivo está baseado na evidência clara que nenhuma outra medida é tão rentável ou pode ser tão eficaz para a prevenção da hipertensão e da morbidade e mortalidade causadas por doenças cardiovasculares e cerebrovasculares. O consumo de sal também foi relacionado com algumas formas de câncer e doenças respiratórias.
Estima-se que a maior parte do fardo da doença cardiovascular pode ser prevenido por meio de uma medida simples, barata e econômica – principalmente através de uma estratégia para reduzir o consumo de sal alimentar da população. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esta é a abordagem mais eficaz para todos os países em quaisquer condições.
A maior parte das pessoas no mundo consomem bem mais sal do que necessitam. Segundo o Scientific Advisory Committee on Nutrition (Comitê de Consulta Científica sobre Nutrição), o consumo mais baixo de sal consistente com o estado saudável dos indivíduos ou das populações varia entre 1,75 a 2,3 g/dia; sabe-se de populações que sobrevivem com 0,5mg/0,2 mmol de sódio por dia (0,01g de sal)3. No entanto, nos países industrializados o consumo médio está em torno de 10g/dia. Alguns consomem muito mais (ex.: a Turquia teve em 2008 um consumo médio de 18,04g/dia. No Bangladesh, um estudo feito em 2008 de 100 pessoas – 50 hipertensivos e 50 normotensivos – deparou com um consumo médio de sal de 21 g/dia.5
Em 2003, a OMS e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) emitiram um relatório conjunto pedindo à população para reduzir o consumo de sal para menos de 5g/dia.
Um estudo recém-publicado pelo periódico British Medical Journal revela que uma redução para  5g no consumo diário de sal, é capaz de diminuir o risco de acidente vascular cerebral em 23% e o de doenças cardiovasculares em 17%.
Esse menor consumo de sal evitaria anualmente mais de um milhão de mortes por acidente vascular cerebral e três milhões por doenças cardiovasculares ao redor do mundo.
Cerca de 50% dos casos de doença das coronárias e 60% dos acidentes vasculares cerebrais são secundários a altos níveis da pressão arterial, e a quantidade de sal na dieta responde por boa parte desses números
O sal de cozinha é o cloreto de sódio. Cada grama de sal contém 40% de sódio(0,4g). O sódio é um  íon essencial para o organismo. Quando o sódio é consumido em excesso, o sistema cardiovascular pode ficar sobrecarregado,porque o sódio retém água no organismo.
Para as pessoas saudáveis, a dose máxima de sal recomendada pelo Ministério da Saúde é de 5 g por dia (2.000 mg de sódio). Os brasileiros, no entanto, consomem em média mais de 10 gramas/dia. A diminuição do consumo de sal traria tantos benefícios à população quanto o combate ao tabagismo, à obesidade e a promoção do uso de medicamentos para tratar hipertensão e os níveis elevados de colesterol.
Para combater o abuso de sal existem duas estratégias: uma individual, outra pública. A individual é baseada na conscientização de que reduzir o consumo faz bem à saúde; a pública tem a finalidade de convencer os fabricantes de alimentos processados industrialmente a colocar menos sal em seus produtos.
Como cerca de 70% do sódio ingerido na dieta do brasileiro médio vem dos alimentos industrializados. A conscientização individual tem impacto limitado. Cabe às autoridades responsáveis estabelecer regras que limitem a quantidade de sódio em molhos prontos, condimentos, salgadinhos, picles, conservas, pizzas, sopas de pacote, embutidos, queijos e outros alimentos. Países como Finlândia, Inglaterra, Japão e Portugal já o fizeram com resultados altamente positivos. 
Um dos maiores problemas causados pelo excesso de sal na alimentação é o aumento dos níveis da pressão arterial. Por outro lado, uma série de estudos tem demonstrado que aumentar o consumo de potássio é capaz de reduzir a pressão arterial. Esses estudos apontam que a redução do conteúdo de sódio a longo prazo e sua substituição por potássio é capaz de reduzir o risco de doenças cardiovasculares e essa já é uma recomendação dietética consensual.

Uma dieta com pouco sódio e muito potássio é melhor do que aquela com a simples restrição de sódio. Para inserir mais potássio na dieta deve-se consumir mais frutas e verduras. Para reduzir o consumo de sódio, o primeiro passo é retirar o saleiro da mesa e lembrar que algumas ervas podem temperar a comida tão bem como o sal. Desde que 70% do sal da dieta provém de alimentos processados, é fundamental evitar as conservas, o "fast food", enlatados, carnes processadas e embutidos.

Fontes:
1. Organização Mundial da Saúde (2007) Reducing salt intake in populations: Report of a WHO forum and technical meeting, Paris 2006. p 3. www.who.int/dietphysicalactivity/Salt_Report_VC_april07.pdf.

2. Scientific Advisory Committee on Nutrition (Comitê Científico Consultivo sobre Nutrição) (RU). (2003). Salt and Health. p 23.

3. A comprehensive review on salt and health and current experience of worldwide salt reduction programmes (Uma análise abrangente sobre o sal e a saúde e a experiência atual dos programas globais de redução do sal). J Hum Hypertens 25 de dezembro, 1‐22. Disponível no site http://www.nature.com/jhh/journal/ vaop/ncurrent/ pdf/jhh2008144a.pdf



4. Strazzullo, P et al. (2009). Salt intake, stroke, and cardiovascular disease: metaanalysis of prospective studies. BMJ 339: b4567. DOI:10.1136/bmj.b4567.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escreva aqui seu comentário.