sábado, 15 de maio de 2010

Alimentos funcionais-os benefícios da linhaça na saúde(continuação)

Embora Lilian Thompson, pesquisadora da linhaça internacionalmente conhecida, da universidade de Toronto,  afirme que os possíveis benefícios da linhaça na saúde ainda não estão “bem estabelecidos”, a pesquisa científica aponta na direção da diminuição do risco de várias doenças, como, doença cardiovascular, certos tipos de câncer , menopausa e asma. Vejamos:

Câncer

Estudos recentes tem sugerido que a linhaça pode ter um efeito protetor contra o câncer, particularmente, câncer de mama, próstata e cólon. Pelo menos dois dos componentes da linhaça parecem contribuir para este efeito.
Em estudos  animais o ácido alfa linolênico(ALA) inibiu a formação e crescimento de tumores experimentais. Também, as lignanas podem prover alguma proteção contra os chamados câncer hormônio dependentes. Alguns estudos tem sugerido que a exposição a lignanas durante a adolescência ajuda a reduzir o risco de câncer de mama.
As lignanas atuariam neste aspecto, bloqueando enzimas envolvidas no metabolismo hormonal e/ou interferindo com o crescimento e disseminação de células tumorais.
Os antioxidantes presentes na linhaça também podem ter ação no efeito protetor sobre o câncer e doença cardíaca.

Doença cardiovascular

A pesquisa científica sugere que o omega 3 da linhaça pode ajudar o sistema cardiovascular através de diferentes mecanismos, principalmente pela ação moduladora nos processos inflamatórios e ação antiarrítmica.
Vários estudos tem mostrado que dietas ricas em omega 3 da linhaça ajudam a prevenir o endurecimento das artérias, diminuindo a aterogênese e melhorando a viscosidade do sangue. "As lignanas da linhaça tem mostrado reduzir o crescimento da placa ateroesclerótica em até 75%, afirma Fitzpatrick, pesquisador deste alimento. Como os acidos graxos omega 3 também desempenham uma função na manutenção do ritmo normal do coração, eles podem ser úteis nos tratamentos das arritmias cardiacas e insuficiência cardíaca, embora mais estudos sejam necessários para comprovar estes efeitos.
Incorporar a linhaça na sua rotina diária também pode ajudar a manter níveis saudáveis de colesterol. A fração LDL cholesterol, particularmente as pequenas partículas de LDL na corrente sanguinea têm sido associadas a aumento do risco de doença cardiovascular, obesidade, diabetes e síndrome metabólica. Um estudo franco-canadense em mulheres em menopausa relatou uma diminuição nas perigosas partículas pequenas de LDL com o consumo de 4 colheres diárias de linhaça durante um ano.Este efeito redutor do colesterol na linhaça, provavelmente deve-se a uma ação sinérgica dos ácidos graxos ômega 3, lignanas e fibras.

Diabetes

Estudos preliminares também sugerem que a ingestão diária de lignanas da linhaça podem (modestamente) melhorar as taxas de glicose no sangue.(melhores níveis de hemoglobina glicada em pacientes com diabetes tipo II).

Inflamação

Dois constituintes da linhaça, ácido alfa linolênico(ALA) e lignanas, podem reduzir a inflamação que acompanha certas doenças(como Parkinson, Asma, artrites,etc.) modulando o processo inflamatório pelo bloqueio da liberação de certos mediadores quimicos pró-inflamatórios. Esta ação tem sido verificada em estudos em animais e seres humanos.
Reduzir a inflamação também está associado à diminuição da progressão da placa arteriosclerótica nas artérias, ajudando assim a prevenir ataques cardíacos e AVCs.

Sintomas da Menopausa

Um estudo preliminar em mulheres na menopausa, publicado em 2007, relatou que 2 colheres de sopa de linhaça(em duas tomadas por dia) reduziu em 50% a incidência dos chamados “fogachos”. A intensidades dos sintomas também foi reduzida em 57%. As mulheres notaram a diferença 1 semana após iniciar  o consumo,  e alcançaram o benefício máximo após 2 semanas de uso da linhaça.

Quem não deveria usar a linhaça?
Até que mais dados estejam disponíveis, mulheres grávidas e possivelmente mulheres amamentando não deveriam utilizar a linhaça em suas dietas. Alguns estudos em animais mostraram que a exposição à linhaça nestas situações poderia ter feito protetor sobre o câncer de mama na descendência destes animais. Entretanto, outro pesquisador encontrou um efeito oposto.

Dicas sobre o uso da linhaça.
1. O que é melhor, consumir o grão ou o óleo? Muitos experts acreditam que o grão (que possui todos os componentes beneficos) é mais indicado para o consumo diário. O óleo para ter efeito benéfico, tem que ser prensado a frio, pois os ácidos graxos omega 3 da linhaça são muito delicados e sofrem rancenificação quando expostos ao calor. 

2. Qual a quantidade adequada para consumo diário? A dose ótima para o consume diário ainda não é conhecida. Contudo,1 a 2 colheres de sopa por dia tem sido a dose sugerida atualmente pelo Conselho de linhaça do Canada

3. Comprar o grão e moê-lo em casa ou comprar a farinha pronta? É preferível moer a linhaça em casa a comprar a farinha de linhaça já pronta. Uma vez moída, os ácidos graxos omega3 em contato com o ar sofrem rapidamente oxidação e alteram a qualidade do produto. Para moer os grãos, um moedor elétrico de café ou mesmo liquidificador realiza bem a tarefa.
 
4. Qual a melhor, a linhaça dourada ou a escura? O valor nutricional entre as duas espécies é bastante semelhante. Contudo, por questão de sabor, muitos dão preferência à linhaça dourada.

5. A linhaça depois de moída deve ser guardada preferencialmente no freezer para melhor conservação de suas propriedades nutricionais. O grão da linhaça pode ser armazenado em ambiente seco e abrigado da luz por até um ano.

6. Adicione a linhaça aos pratos que você habitualmente consome. Saladas, Iogurte, sopas almôndegas ou feijão combinam bem com a linhaça. A linhaça também substitui bem uma parte da farinha de trigo nos produtos de panificação: pães, bolos, biscoitos, panquecas, etc. 

Fontes:

1.    Thompson LU, Robb P, Serraino M, Cheung F. Mammalian lignan production from various foods. NutrCancer 16: 43-52,1991
2.    Thompson LU. Flaxseed, lignans, and cancer. In: Flaxseed in Human Nutrition. SC Cunnane and LU Thompson, eds. AOCS Press, Champaign ILL 1995
3.    Thompson LU. Experimental studies on lignans and cancer. In Bailliere's Clin Endocrinol Metab 12:691-705, 1998
4.    Thompson LU. Role of lignans in carcinogenesis. In: Phytochemicals in Human Health Protection, Nutrition, and Plant Defense. IT Romeo, ed. Plenum Publ, New York, 1999.
5.    Russo J, Russo IH. DNA labeling index and structure of the rat mammary gland as determinants of susceptibility to carcinogens. J Natl Cancer Inst 61: 1451-1495, 1978
6.    Ward WE, Jiang FO, Thompson LU. Exposure to flaxseed or purified 1ignan during lactation influences rat mammary gland structures. Nutr Cancer 37: 187192,2000
7.    Tou JCL, Thompson LU. Exposure to flaxseed or its lignan component during different developmental stages influences rat mammary gland structures. Carcinogenesis 20:1831-1835, 1999
8.    Reeves PG, Nielsen FM, Fahey GCJr. AIN-93 purified diets for laboratory rodents: Final report of the American Institute of Nutrition ad hoc writing committee on the refonnulation of the AIN-76A rodent diet. J Nutr 123:19391951,1993
9.    Tou JCL, Chen J, Thompson LU. Flaxseed and its lignan precursor, secoisolariciresinol diglucoside, affect pregnancy outcome and reproductive development in rats. J. Nutr 128:1861-1868, 1998
10.    Lotinum S, Westerlind K, Turner R. Tissue selective effects of continuous release of 2 ORE 1 and 16aOHEl on bone, uterus and mammary gland in ovariectomized growing rats. J Endocrinol170: 165-174, 2001
11.    Osborne M, Bradlow H, Wong G, Telang N. Upregulation of estradiol C16ahydroxylation in human breast tissue: a potential biomarker of breast cancer risk. J Natl Cancer Inst 85:1917-1920,1993
12.    Bradlow H. 2-hydroxyestrone: the good estrogen. J Endocrinol 150:S259-S265, 1996
13.    Fowke J, Longcope C, Hebert J. Brassica vegetable consumption shifts estrogen metabolism in healthy postmenopausal women. Cancer Epidemio1 Biomarkers Prev. 9:773-779, 2000
14.    Rickard SE, Orcheson D, Seidl MM, Luyengi L, Fong HHS, Thompson LU. Dose-dependent production of mammalian lignans in rats and in vitro from the purified precursor secoisolariciresinol diglucoside in flaxseed. J Nutr 126:20122019,1996
15.    Klug T, Bradlow L, Sepkovic D. Monoclonal antibody-based enzyme immunoassay for simultaneous quantification of 2- and 16a- hydroxy estrone in urine. Steroids 59:648-355, 1994
16.    Bloedon, Leanne T., Szapary, Philippe O. 2004. Flaxseed and Cardiovascular Risk. Nutrition Reviews, 62(1): 18-27(10)
17.    Connor, W.E., American Journal of Clinical Nutrition, January 2000, vol 71 No. 1, 171S-175S.
18.    Albert, C.M., et al, Circulation, 2005: 112: 3232-3238.
19.    Zhao, G., et al, American Journal of Clinical Nutrition, February 2007, vol. 85 no. 2, 385-391.
20.    Brighenti, F., et al, British Journal of Nutrition, May 2005, 93(5): 619-25.
21.    Young, I.S., et al, Journal of Clinical Pathology, 2001 54: 176-186.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escreva aqui seu comentário.