terça-feira, 30 de março de 2010

Das ervas amargas ao ôvo de chocolate: um olhar nutrológico sobre a páscoa


A palavra páscoa ou “pessach” em hebraico significa “passagem”. Essa festividade celebra e recorda a libertação do povo de Israel do Egito, como narrado no livro do Êxodo na Bíblia. É uma festa muito importante para a comunidade judaica e cristã.

A primeira celebração do Pessach, segundo a tradição, ocorreu há 3500 anos, quando, de acordo com a Torá (Bíblia Judaica), Deus enviou as dez pragas sobre o povo do Egito. Antes que a décima praga acontecesse, o profeta Moisés, escolhido de Deus, foi instruído a pedir que cada família hebréia sacrificasse um cordeiro e usasse o sangue desse animal imolado nos umbrais de suas portas. Era o sinal para que não sofressem a perda dos seus primogênitos.

Chegada à noite, os hebreus fizeram uma ceia, com a carne do cordeiro sacrificado, além de pão ázimo – que é o pão sem fermento – e ervas amargas, cujo sentido apontava para o sofrimento do povo no Egito.

Olhando para esta ceia original da páscoa, percebemos como a humanidade mudou seus hábitos alimentares nos últimos séculos. O cordeiro deu lugar ao ôvo de “coelho”, e as ervas amargas deram lugar ao açúcar. E é sobre a introdução deste novo elemento em nossa alimentação que passo a refletir: o açúcar.

A substância branca e cristalina que costumamos chamar de açúcar ou sacarose, é uma substância artificial produzida por processos industriais a partir da cana ou beterraba, depois de depuradas de todas suas vitaminas, minerais, proteínas, enzimas e outros nutrientes benéficos à saúde. Está em quase tudo que você imaginar.Um americano médio consome cerca de 70 kg de açúcar por ano(35 colheres de sopa por dia). Isto é mais de 10 vezes o recomendado.

Podemos estabelecer uma relação diretamente inversa entre o consumo de açúcar e o nível de saúde de uma comunidade. Obesidade, Hipertensão arterial, Diabetes Mellitus, imunodepressão, distúrbios do humor, câncer, cáries dentárias; em todas estas doenças o consumo excessivo de açúcar tem importante participação.

Açúcar também é extremamente aditivo (“viciante”)

O açúcar refinado pode se tornar mais aditivo que a própria cocaína.De fato, em um estudo com ratos que podiam escolher entre açúcar, água ou cocaína, a maioria(94%) escolhia o açúcar. Mesmo ratos viciados em cocaína, quando expostos ao açúcar, rapidamente pendiam para este último.

O estímulo desencadeado pelo açúcar nas papilas gustativas da língua provoca uma verdadeira “explosão” a nível de neurotransmissores cerebrais, de forma que quanto mais se consome, mais se deseja.

Nos próximos posts estaremos desenvolvendo mais este assunto.


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